A importância do Ferro na gestação

O Ferro é um mineral muito importante para o organismo humano. Ele está relacionado, entre outros, ao transporte de oxigênio e a formação de hemoglobina.

Um estado de ferro corporal adequado é um pré-requisito para uma gestação normal e saudável, assim como para o para o bom desenvolvimento do feto.

A deficiência de ferro não tratada no terceiro trimestre predispõe fortemente a deficiência de ferro no pós-parto e a anemia, que, por sua vez, também estão associadas à diminuição de disposição física e distúrbios psíquicos, incluindo instabilidade emocional, depressão, estresse, diminuição da capacidade cognitiva, irritabilidade, palidez, falta de ar, palpitações, dores de cabeça e tonturas.

A anemia por deficiência de ferro está associada a parto prematuro, retardo de crescimento intrauterino (RCIU), baixo peso ao nascer e deficiência de ferro no recém-nascido.

O feto utiliza a maior parte de seu suprimento de ferro para a síntese de hemoglobina e desenvolvimento de vários sistemas de órgãos vitais. No feto e bebês recém-nascidos a deficiência de ferro pode causar danos permanentes o cérebro, afetando negativamente a inteligência, habilidades cognitivas e comportamentais durante o crescimento e mais tarde na vida.

Recomenda-se o consumo diário de 27 mg/dia de ferro durante a gestação de acordo com a RDA. As fontes de ferro incluem carne vermelha, carne de porco, peixes, ovos, folhas verde-escuras, leguminosas (feijões), algas, aveia, castanhas de caju, gergelim, semente de abóbora, tofu.

Para otimizar a absorção do ferro, é importante:

- Consumir fontes de vitamina C junto às grandes refeições (frutas cítricas – laranja, limão, mexerica - temperar a salada com limão etc.

- Consumir alimentos fontes de ferro heme (de origem animal) e não heme (proveniente dos vegetais)

- Evitar o consumo de café, chá, mate, refrigerantes, leite e derivados e alimentos ricos em fibras junto às grandes refeições, em função da presença dos fatores inibitórios como a cafeína e o fitato

- Consumir ácido ascórbico e outros ácidos orgânicos presentes em alimentos como brócolis, beterraba, couve-flor, abóbora e tomate, que potencializam a absorção de ferro.

No entanto, sabe-se que geralmente apenas 30% do ferro da dieta é absorvido e que a absorção de ferro é inibida por diversos fatores como cálcio, que é mais abundante em leite e produtos lácteos, por polifenóis em chá, café e por fitatos em cereais.

Assim, a suplementação preventiva de Ferro é indicada durante a gestação.

O Ministério da Saúde recomenda dose diária de 40 mg de ferro elementar e 400 µg de ácido fólico diariamente até o final da gestação

Em um artigo de revisão Milman (2012), propõe a avaliação da necessidade de suplementação de ferro com base nos níveis de ferritina. A concentração sérica de ferritina deve ser analisada quando a gravidez é planejada ou o mais cedo possível na gravidez, preferencialmente dentro de 10 semanas de gestação. Cada µg / L de ferritina indica reservas de ferro do corpo mobilizáveis ​​aproximadas de 7–7,5 mg

Feritina > 70 ug/l -> não há necessidade de suplementação

Ferritina entre 31-70 ug/l -> 30-40 mg de ferro /dia

Ferritina < 30 ug/l -> 60-80 mg de ferro /dia

Ferritina < 15 ug/l -> doses terapêuticas de 100 mg de ferro/dia

É muito importante avaliar individualmente a necessidade de suplementação, uma vez que a suplementação não necessária no início da gestação, também pode levar a um maior risco para o desenvolvimento de Diabetes Gestacional em mulheres neste grupo de risco (Helin A, Kinnunen TI, Raitanen J, et al., 2012)

Além disso, deve-se atentar que doses acima de 200 mg de ferro elementar não são recomentadas devido ao risco de estresse oxidativo podendo levar a uma pré-eclâmpsia.

Prefira uma alimentação adequada e saudável, com fontes de ferro cuidando nas escolhas e combinações dos alimentos para garantir a adequada oferta de ferro no organismo.

Converse com meu médio e nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de suplementação durante a gestação. O ideal é analisar o perfil de ferro no organismo, incluindo a ferritina, pelo menos a cada trimestre de gestação para o adequado acompanhamento.

Bibliografia

Marques. N. Serpa, F. Teixeira, M. Nutrição clinica funcional: da fertilidade à gestação> São Paulo: Valéria Pascoal Editora Ltda, 2018. 312 p.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro : manual de condutas gerais Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 24 p. Disponível em [https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_suplementacao_ferro_condutas_gerais.pdf]

Milman, N. Oral Iron Prophylaxis in Pregnancy: Not Too Little and Not Too Much! Journal of Pregnancy Volume 2012, Article ID 514345. Disponível em [file:///C:/Users/Master/Downloads/Iron+in+Pregnancy+-+How+Do+We+Secure+an+Appropriate+Iron+Status.pdf}. Última consulta 13/06/2019

Helin A, Kinnunen TI, Raitanen J, et al. Iron intake, haemoglobin and risk of gestational diabetes: a prospective cohort study. September 2012. BMJ Open 2012;2:e001730. doi:10.1136/bmjopen-2012-001730. Disponível em [file:///C:/Users/Master/Downloads/Iron+intake,+haemoglobin+and+risk+of+gestational+diabetes-+a+prospective+cohort+study.pdf] Última consulta 13/06/2019

Rodrigues, J. Atendimento Nutricional à Gestante na Prática, 2019.